Woody Allen deve ser uma pessoa algo inconstante. De uma inspiração provavelmente divina, escreveu Match Point. Depois fez Scoop (que ainda não vi) e Cassandra's Dream, que eu gostei muito, apesar da crítica não ter sido unânime. Agora, encantado com Scarlett Johansson e com o Velho Continente, decidiu ir para Espanha usar o dinheiro dos contribuintes europeus para fazer isto - Vicky Cristina Barcelona. Muito sinceramente, a primeira coisa que pensei quando começaram a passar os créditos finais foi que Woody Allen terá tido, há uns largos meses atrás, um sonho erótico bastante intenso, e que decidiu transformá-lo em filme, por alguma razão que (quase) ultrapassa o espectador. O meu quase está relacionado com a existência de espectadores masculinos, que certamente hão-de apreciar certas e determinadas cenas que, embora de poucos segundos, estão lá!
VCB foi uma desilusão. A história assenta numa série de pequenos e grandes clichés sem graça, que quase convencem os fãns de Allen que este once génio máximo da comédia poderá estar numa fase irreversível de declínio (no que toca ao drama não digo o mesmo). Vicky (Rebecca Hall) é irritante ao início, Cristina (Scarlett Johansson), ao fim. Doug (Chris Messina) não é mais do que o típico noivo idiota, Patricia Clarkson deu-me pena e no fim... nada. Mas nem tudo está perdido, salvam-se os espanhóis! Javier Bardem transpira macho-latino-artista-de-sonho por todos os lados, e Penélope Cruz dá vida a uma Maria Elena que mais parece saída de um filme de Pedro Almodóvar (nomeação para o Óscar bem merecida). A cena da discussão entre Juan Antonio e Maria Elena na rua paga o bilhete. Mas também era a única com capacidade para isso...
É pena, mas como diria Shakespeare, "much ado about nothing".
1 comentário:
Eu vi a "triologia de Londres" toda mas aquele Cassandra's Dream já me matou um bocado...
Agora estou com curiosidade para este VCB.
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